Segundo definição da UNESCO, “uma pessoa funcionalmente analfabeta é aquela que não pode participar de todas as atividades nas quais a alfabetização é requerida para uma atuação eficaz em seu grupo e comunidade, e que lhe permitem, também, continuar usando a leitura, a escrita e o cálculo a serviço do seu próprio desenvolvimento e do desenvolvimento de sua comunidade”. Um dos maiores problemas dos países subdesenvolvidos é o analfabetismo (não confundir com ignorância). A luta para reduzir o analfabetismo é antiga e sua supressão não tem sido possível. Há tempos, a educação é considerada um dos maiores privilégios dos quais o ser humano pode gozar. Entende-se por analfabetismo funcional a incapacidade que algumas pessoas têm de entender (compreender) o texto que acabaram de ler, ou seja, quando, mesmo que as pessoas saibam ler e escrever apresenta incapacidade para interpretar o texto que lhes foi dado para ser interpretado. Este tipo de analfabetismo é bastante comum. Pode-se afirmar que, nos dias de hoje, a sociedade está experimentando uma nova forma de analfabetismo, chamado de analfabetismo digital. Este tipo de carência está relacionado com a falta de conhecimento necessário para utilizar computadores pessoais, celulares e agendas eletrônicas e dominar os sistemas que operam estas máquinas como, por exemplo, navegar na rede mundial de computadores. O grave problema do analfabetismo no mundo continua sendo um dos grandes temas prioritários a solucionar desde que se realizou a Conferência Mundial da Educação para Todos, ocorrida em 1990, em Jomtiem, Tailândia. Esta conferência foi assistida por representantes do mundo todo e chegou-se à conclusão de que a alfabetização é um dos fatores chave para resolver um dos problemas mais urgentes da sociedade, que a realização plena do ser humano só se dá através da educação e promovê-la é fundamental para o desenvolvimento das nações. Assim sendo, a educação é uma ferramenta extremamente útil para combater a pobreza e a desigualdade, elevar os níveis de saúde e bem estar social, criar as bases para um desenvolvimento econômico sustentável e a manutenção de uma democracia duradoura. Por este motivo a educação foi incluída na lista dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, que fixou para o ano de 2015 a data limite para alcançar 100% de educação primária para todas as crianças do planeta.
Não é de hoje que se sabe que o índice de analfabetismo no Brasil ainda é grande, tendo milhões de analfabetos acima dos 15 anos de idade. Isso é uma realidade causada pelos modelos de educação arcaicos, sem inovações, que tolhem a capacidade criativa dos sujeitos, gerando insegurança e insatisfação pessoal. Convencidos de que não adiantam continuar na escola, muitos estudantes se afastam da mesma por pura falta de motivação, por não acreditarem que são capazes de vencer. O medo domina as sensações prazerosas do aprender, pois repetências anteriores, exposições diante dos colegas, humilhações dentro da sala de aula coíbem o sujeito, demonstrando que ele não é capaz. No Brasil ainda existe a concepção de que os menos favorecidos não têm condições de aprender, devendo aceitar que são a mão de obra pesada e barata do país, estando às margens da nossa pirâmide social. Para melhorar essa visão, a escola deve manter uma política educacional voltada para atender a diversidade, através de planos de ação que valorizem as habilidades e potencialidades de cada um. Seria mesmo identificar o que cada um tem de bom, em quê cada qual pode colaborar com as experiências e crescimento do grupo. Dessa forma, preocupados com a defasagem do ensino, buscando qualificar o trabalho docente, voltam-se para a motivação desses alunos, dando oportunidade aos mesmos, inserindo-os num grupo que está mais adiantado. Além disso, não se pode descartar a realidade social em que cada um vive. Muitas crianças ficam paralisadas porque não recebem atenção necessária, outras são alvos de agressões, outras sofrem abusos sexuais, algumas têm que trabalhar para sustentar suas famílias, etc. A escola precisa considerar todos esses aspectos e muitos outros, repensando seus valores, buscando diminuir as diferenças entre os alunos, identificando porque uns aprendem e outros não. Segundo pesquisas do Ministério da Educação, no Brasil são 16 milhões de analfabetos, pessoas que não conseguem sequer escrever um bilhete. Já os que não chegaram a concluir a 4ª série do ensino fundamental I, somam 33 milhões, concentrados em 50% no norte e nordeste do país. Dessa forma, podemos questionar como acontecerá o crescimento social e econômico do país se não temos política educacional consistente? É preciso repensar para mudar!
Toda campanha eleitoral é a mesma coisa: a população pede emprego e os políticos prometem criá-los aos montes. Infelizmente, ninguém consegue cumprir esta promessa, pois gerar trabalho não é tão simples assim. Para que sejam abertas novas vagas no mercado é preciso que o País cresça. Isso acontece baixando os impostos e os juros, incentivando o comércio, investindo em infraestrutura e, principalmente, em educação. A educação de qualidade é a única forma de diminuir as desigualdades sociais e dar a oportunidade de os cidadãos mais humildes terem as mesmas chances que os mais ricos. É na escola que pessoas de todas as idades adquirem conhecimento, ferramenta que as possibilita competir de igual para igual. Os países mais desenvolvidos do mundo só chegaram onde estão porque investiram pesado em suas crianças e jovens. Construíram boas escolas e capacitaram professores que, além de ensinar em matérias pedagógicas, também ensinam aos seus alunos a praticarem o que aprenderam fora da sala de aula. Investir em educação não garante apenas um diploma. Pesquisas mostram que as pessoas mais estudadas conseguem transformar suas ideias em negócios, tecnologia ou em algum tipo de inovação. Isso leva o país ao desenvolvimento econômico, à geração de trabalho e melhor qualidade de vida. Um bom exemplo disso é a Coréia do Sul. Há 25 anos, ela tinha tantos problemas de desemprego e miséria quanto têm o Brasil. Mas ela apostou na educação, mesmo passando dificuldades nos primeiros anos. Hoje, é um dos países mais ricos do planeta. Precisamos investir nas escolas públicas e, em especial, nos professores. São eles quem garante a boa aula. Apesar de toda a tecnologia existente, nada substitui o bom professor. Assim como temos que investir mais na educação profissionalizante. Quem nunca viu alguém perder uma vaga de emprego por falta de qualificação profissional? Temos que construir mais escolas técnicas e abrir novos cursos, de acordo com as necessidades de cada região. Até porque, atualmente, há mais vagas para técnicos do que para jovens formados no ensino superior. Há muito que fazer para o desemprego deixar de existir no Brasil. Nada acontecerá de uma hora para outra, mas é um sonho que pode ser realizado. E todos nós podemos contribuir para isso. Basta acreditarmos neste País e lutarmos pelo direito ao estudo. Nossos protestos sempre farão a diferença
Homens recebem salários 30% maiores que as mulheres no Brasil
Em estudo recém-divulgado, o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID - mostra que, apesar do recente crescimento econômico e das políticas destinadas a reduzir as desigualdades, as diferenças salariais relacionadas a gênero e etnia continuam sendo significativas nos países latino-americanos. O estudo promoveu a análise de informações domiciliares provenientes de 18 países da região, constatando que as mulheres, os/as negros/as e os/as indígenas recebem salários inferiores aos dos homens brancos na América Latina. As conclusões são parte de uma série de estudos sobre as diferenças salariais em diversos países da América Latina e estão presentes no relatório intitulado "Novo século, velhas desigualdades: diferenças salariais de gênero e etnia na América Latina", escrito pelos economistas do BID Hugo Ñopo, Juan Pablo Atal e Natalia Winder. A pesquisa faz uma comparação entre os salários de indivíduos com as mesmas características demográficas e de emprego. A análise das disparidades salariais se dá, por um lado, por meio da avaliação da diferença de salário entre essas pessoas, baseada em seu gênero ou etnia, e, por outro, da análise da possibilidade desses grupos preteridos terem acesso a combinações de características que lhes permitiriam ganhar um maior salário no mercado de trabalho. Disparidades salariais de gênero As mulheres latino-americanas ganham menos, mesmo que possuam um maior nível de instrução. Por meio de comparação simples dos salários médios, foi constatado que os homens ganham 10% a mais que as mulheres. Já quando a comparação envolve homens e mulheres com a mesma idade e nível de instrução, essa diferença sobe para 17%. Da mesma forma, a população indígena e negra ganha em média 28% menos que a população branca de mesma idade e nível de instrução. Uma das conclusões do estudo é de que a diferença salarial étnica poderia ser reduzida em quase um quarto com a melhora dos níveis de instrução dessa população. De acordo com a pesquisa, os homens ganham mais que as mulheres em todas as faixas de idade, níveis de instrução, tipo de emprego ou de empresa. A disparidade é menor nas áreas rurais, em que as mulheres ganham, em média, o mesmo que os homens. A menor diferença salarial relacionada a gênero está na faixa mais jovem da população que possui nível universitário, sendo a defasagem mais baixa entre trabalhadores formais e mais alta entre aqueles que trabalham em pequenas empresas. As diferenças salariais variam muito também entre os 18 países pesquisados. O Brasil apresenta um dos maiores níveis de disparidade salarial. No país, os homens ganham aproximadamente 30% a mais que as mulheres de mesma idade e nível de instrução, quase o dobro da média da região (17,2%), enquanto na Bolívia a diferença é muito pequena. O resultado é o mesmo no que diz respeito à disparidade por raça e etnia, que chega também a 30%. O documento traz ainda algumas recomendações para reduzir as disparidades salariais nos países latino-americanos. Por parte dos governos, a implementação de políticas no sentido de aumentar o nível educacional da população minoritária, além da implementação de um maior número de creches, o que permitiria às mulheres mais dedicação à sua vida profissional. Já no âmbito familiar, uma divisão de tarefas mais igualitária, com os pais dividindo a criação dos/as filhos/as, o que daria às mulheres a possibilidade de manter suas carreiras.
Trabalho Infantil no Brasil As crianças devem se dedicar a estudar e a brincar, e não a trabalhar. O trabalho infantil no Brasil ainda é um grande problema social. Milhares de crianças ainda deixam de ir à escola e ter seus direitos preservados, e trabalham desde a mais tenra idade na lavoura, campo, fábrica ou casas de família, em regime de exploração, quase de escravidão, já que muitos deles não chegam a receber remuneração alguma. Hoje em dia, em torno de 4,8 milhões de crianças de adolescentes entre cinco e 17 anos estão trabalhando no Brasil, segundo PNAD 2007. Desse total, 1,2 milhão estão na faixa entre cinco e 13 anos. Apesar de no Brasil, o trabalho infantil ser considerado ilegal para crianças e adolescentes entre cinco e 13 anos, a realidade continua sendo outra. Para adolescentes entre 14 e 15 anos, o trabalho é legal desde que na condição de aprendiz. Crianças que trabalham. O Peti (Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil) vem trabalhando arduamente para erradicar o trabalho infantil. Infelizmente mesmo com todo o seu empenho, a previsão é de poder atender com seus projetos, cerca de 1,1 milhão de crianças e adolescentes trabalhadores, segundo acompanhamento do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos). Do total de crianças e adolescentes atendidos, 3,7 milhões estarão de fora. Ao abandonarem a escola, ou terem que dividir o tempo entre a escola e o trabalho, o rendimento escolar dessas crianças é muito ruim, e serão sérias candidatas ao abandono escolar e consequentemente ao despreparo para o mercado de trabalho, tendo que aceitar subempregos e assim continuarem alimentando o ciclo de pobreza no Brasil. Sabe que hoje em dia, a inclusão digital (Infoinclusão) é de extrema importância. Além da conclusão do ciclo básico de educação, e da necessidade de cursos técnicos, e da continuidade nos estudos, o computador vem se tornando fundamental em qualquer área de trabalho. Desde que entrou em prática, no final de novembro de 2005, o projeto de inclusão digital do governo federal, Computador para Todos - Projeto Cidadão Conectado registrou mais de 19 mil máquinas financiadas. Programas do Governo Federal juntamente com governos estaduais, pretendem instalar computadores e acesso a internet banda larga em todas as escolas públicas até 2010. Com isso esperam que o acesso a informações contribuam para um melhor futuro às nossas crianças e adolescentes. Perfil do trabalho infantil no Brasil Como já era de se esperar, o trabalho infantil ainda é predominantemente agrícola. Cerca de 40% das crianças estão em granjas, sítios e fazendas, 24,5% em lojas e fábricas. No Nordeste, 46,5% aparecem trabalhando em fazendas e sítios. A Constituição Brasileira é clara: menores de 16 anos são proibidos de trabalhar, exceto como aprendizes e somente a partir dos 14. Não é o que vemos na televisão. Há dois pesos e duas medidas. Achamos um absurdo ver a exploração de crianças trabalhando nas lavouras de cana, carvoarias, quebrando pedras, deixando sequelas nessas vítimas indefesas, mas costumamos aplaudir crianças e bebês que se tornam estrelas mirins em novelas, apresentações e comerciais. A UNICEF declarou no Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil (12 de junho) que os esforços para acabar com o trabalho infantil não serão bem sucedidos sem um trabalho conjunto para combater o tráfico de crianças e mulheres no interior dos países e entre fronteiras. No Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, a UNICEF disse/referiu com base em estimativas que o tráfico de Seres humanos começa a aproximar-se do tráfico ilícito de armas e drogas. Longe de casa ou num país estrangeiro, as crianças traficadas – desorientadas, sem documentos e excluídas de um ambiente que as proteja minimamente – podem ser obrigadas a entrar na prostituição, na servidão doméstica, no casamento precoce e contra a sua vontade, ou em trabalhos perigosos. Embora não haja dados precisos sobre o tráfico de crianças, estima-se que haverá cerca de 1.2 milhões de crianças traficadas por ano. O que é o trabalho infantil Trabalho infantil é toda forma de trabalho exercido por crianças e adolescentes, abaixo da idade mínima legal permitida para o trabalho, conforme a legislação de cada país. O trabalho infantil, em geral, é proibido por lei. Especificamente, as formas mais nocivas ou cruéis de trabalho infantil não apenas são proibidas, mas também constituem crime. A exploração do trabalho infantil é comum em países subdesenvolvidos, e países emergentes como no Brasil, onde nas regiões mais pobres este trabalho é bastante comum. Na maioria das vezes isto ocorre devido à necessidade de ajudar financeiramente a família. Muitas destas famílias são geralmente de pessoas pobres que possuem muitos filhos. Apesar de existir legislações que proíbam oficialmente este tipo de trabalho, é comum nas grandes cidades brasileiras a presença de menores em cruzamentos de vias de grande tráfego, vendendo bens de pequeno valor monetário. Apesar de os pais serem oficialmente responsáveis pelos filhos, não é hábito dos juízes puni-los. A ação da justiça aplica-se mais a quem contrata menor, mesmo assim as penas não chegam a ser aplicadas.